I made this widget at MyFlashFetish.com.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Cor, rosto e gênero quem está ascendendo economicamente no Brasil?





FOTO RAQUEL ESPÍRITO SANTO
*Maurício Pestana é presidente do Conselho Editorial da RAÇA BRASIL -pestana.raca@escala.com.br
O ano de 2012 começa com grande expectativa na área econômica. Os números da economia brasileira demonstram que, apesar da aposta que o país fez nas últimas décadas num modelo econômico em que os insumos agrícolas tiveram um forte impacto na balança comercial, nos colocando com um dos principais produtores de grãos do planeta, ainda assim, tivemos avanços sociais. A economia real cresceu e foi acompanhada pela economia informal que, mesmo sem planejamento ou qualquer tipo de apoio, se fortalece. Neste cenário, o papel do governo com alguns programas sociais, a exemplo do Bolsa Família, colhe resultados até então não experimentados em nossa história, fazendo uma pequena revolução na área social, elevando as classes C, D e E a padrões de consumo jamais experimentado em nosso capitalismo. Classes que majoritariamente são formadas por afro-descendentes, com esse impulso são elevadas, pela primeira vez, à categoria de importantes consumidores. O quadro traduzido aparentemente em distribuição de renda mostrou que não era bem isso no momento da crise que o país e o mundo vivenciaram há poucos anos, quando a intervenção do governo foi drástica na economia com apoio total e incentivos fiscais a setores que vinham lucrando, e muito, como automobilístico, eletroeletrônico e os de exportações, novamente, os agrícolas. Mas, quando olhamos os setores da economia informal, dos pequenos negócios, nos quais a presença do afro-descendente é marcante, nunca houve qualquer tipo de investimento ou de olhar especial, seja por parte do governo, seja por conta dos setores de financiamento da nossa sociedade, como o setor bancário.
Esse modelo míope secular, dos que impulsionam a economia no Brasil, não é de agora e nem desse governo, vem dos 380 anos de escravismo que resultou em barreiras quase intransponíveis entre o empresariado afro-descendente, os setores de investimento e alta lucratividade da economia brasileira. Os resultados estão aí: embora sejamos mais da metade da população, não representamos nem 5% do empresariado e dos dirigentes das grandes corporações nacionais e esses 5% nem sequer estão nas áreas de grande lucratividade da nossa economia, como os grandes setores agrícola ou financeiro, que têm realmente lucrado nos últimos anos, como aponta o último senso.

"QUANDO OLHAMOS OS SETORES DA ECONOMIA INFORMAL, DOS PEQUENOS NEGÓCIOS, NOS QUAIS A PRESENÇA DO AFRO DESCENDENTE É MARCANTE, NUNCA HOUVE QUALQUER TIPO DE INVESTIMENTO OU DE OLHAR ESPECIAL"

No setor empresarial, estamos ainda na área de prestadores de serviços e muitos na economia informal, não temos linha de créditos para os nossos negócios e muito menos incentivos fiscais. Mas contrapondo a todo esse quadro de exclusão, recentemente uma pesquisa do Instituto Data Popular tem causado surpresa e espanto no meio econômico.
O estudo mostra que a nova classe média é predominantemente jovem, formada por mulheres e negros, e que a população negra é mais otimista que a não-negra: 67,6% da primeira acham que sua renda irá melhorar, contra 60,5% da segunda, e mais: aumentou o número de negros que se assumem como negros e pardos. A população negra é predominantemente jovem: 68,5% têm até 40 anos. Na sociedade de consumo, esse grupo movimenta R$ 673 bilhões por ano. São números, em outras palavras, que atestam que o Brasil está enegrecendo e ascendendo socialmente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário