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sábado, 31 de março de 2012

Gêmeas raras completam 7 anos na próxima semana. Veja como elas estão

                                                                   Kian e Remee

As gêmeas Kian e Remee são uma raridade genética. Nascidas com apenas um minuto de diferença, em 7 abril de 2005, as irmãs inglesas são fisicamente muito diferentes. Kian tem a pele negra, cabelos e olhos castanhos e Remee é loira, de olhos azuis e tem a pela branca. A probabilidade de isso acontecer com gêmeos filhos de pais mulatos é de uma em um milhão! Tanto Kylee Hodgson, quanto Remi Horder, os pais das meninas, têm mães brancas e pais negros.

Próximo ao aniversário de 7 anos das meninas, os pais disseram ao jornal Daily Mail que a vida das meninas vai muito bem, obrigada! "Elas não se preocupam com a cor de suas peles. Isso não é um problema, como todo mundo costuma achar que é", disse a mãe. As meninas são muito unidas e, ao contrário do que parece, têm muito em comum. "Elas tem uma afinidade meio intuitiva e fazem tudo juntas: dançam, cantam, leem e até espirram juntas, às vezes! A primeira palavra das duas foi a mesma e ao mesmo tempo: suco! Mas é claro que elas também têm interesses diferentes: enquanto Kian adora animais, Remee gosta de culinária", contou Kylee.


                                                 Kian e Remee com 1 ano, ao lado da mãe

"Elas creseceram rodeadas de pessoas brancas e negras. Mas elas são elas mesmas. Elas não veem a diferença que as outras pessoas veem", finalizou a mãe.

Fonte: Daily Mail

sexta-feira, 30 de março de 2012

O pessimismo de Stuart Hall é um alerta importante para os rumos da esquerda na América Latina

stuart-hallStuart Hall, pensador jamaicano radicado há 60 anos na Inglaterra, concedeu uma entrevista ao The Guardian às vésperas de comemorar o seu 80º aniversário. Demonstrou que está mais pessimista do que tempos atrás quando escreveu os famosos textos que marcaram sua trajetória acadêmica (a maior parte deles publicados no Brasil na coletânea Da diáspora, Editora UFMG). Naquele momento, Hall enxergava na diversidade cultural e no interculturalismo possibilidades reais de transformação social. Fez uma releitura do pensamento marxista, a partir de Gramsci e Althusser, propondo que a relação entre a instância econômica e a cultural não fosse marcada por uma determinação linear (como uma apreensão mais ingênua do marxismo prega), mas sim de forma dialética.
"Eu me envolvi em estudos culturais, porque eu não acho que a vida foi determinada unicamente pela economia. A questão é que, em última instância, a economia vai determinar isso. Mas quando é a última instância? Se você estiver analisando a conjuntura atual, você não pode começar e terminar na economia. É necessário, mas insuficiente." Hall exemplifica com os protestos de Tottenham e também com a crise nos países europeus para falar sobre isto. O motivo dos protestos e a crise têm um fundo econômico, entretanto, a dificuldade de se construir alternativas políticas se deve ao fato de se pensar as possibilidades sempre no campo do economicismo. Para Hall, parte dos protestos de Tottenham se deve ao fato de que o imperativo neoliberal de consumir não é realizável por aqueles grupos sociais. Não é à toa que parcela dos manifestantes saquearam lojas em busca de objetos fetichizados pela sociedade de consumo.
Com a saúde debilitada, Hall fala sobre o sistema de saúde privatizado. Aborda de uma forma já batida – como é possível transformar a saúde em mercadoria, questiona ele – mas apontando para uma deformação dos sujeitos operadores de um modelo como este. "Quem lucraria com problemas de saúde de alguém? Que tipo de pessoa que seria isso? Você confiaria a tais pessoas o seu orçamento, e mais a sua saúde ou a saúde de um ente querido? O caso moral não está sendo colocado com força suficiente, na verdade, não está sendo colocado em nada."
Hall afirma: "sempre achei que a ideia de ego, de indivíduo egoísta de Adam Smith, era incorreta. O mundo exterior entra em nossa cabeça, há uma dialética constante, é inextirpável." Por isto, considera que uma alternativa deve perpassar por uma reconstrução de lógicas, o que tangencia novamente a questão cultural. Limitar a disputa política dentro dos parâmetros societários hegemônicos da economia de mercado caminha, inevitavelmente, para uma sociedade administrada, sem política. É o que ele observa, de forma pessimista, na Inglaterra, ao afirmar que a esquerda "está em apuros", sem saber o que fazer. Por isto, apesar da crise, a cabeça dos cidadãos britânicos formada pela perspectiva neoliberal não conseguem vislumbrar e nem tampouco se mobilizar por alternativas.
Estas reflexões de Hall são importantes, particularmente, para um contexto em que a esquerda está no governo, como na América Latina. O fato das nações do continente não terem esgotado todos os passos clássicos de uma "revolução capitalista" seduz parte da esquerda a querer ser ela a protagonista deste processo. Despreza-se, assim, muitas vezes, experiências societárias e civilizatórias de povos e comunidades que poderiam ser articuladas na construção de um caminho próprio de desenvolvimento, para além do economicismo de mercado. O pessimismo de Hall é um alerta importante neste momento. Afinal, que tipo de sujeitos queremos formar?

Brasil adota rumo diferente de vizinhos na revisão do regime militar

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O Brasil tem adotado um caminho diferente de seus vizinhos ao tratar de crimes políticos cometidos durante o regime militar. Enquanto o Brasil mantém a anistia ampla, geral e irrestrita e o caminho para a criação da Comissão da Verdade, a Argentina, o Uruguai e o Chile reabriram processos contra os acusados de crimes durante o período.
Na quinta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) adiou a análise de um recurso da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) que questiona a validade da lei da anistia, o que poderia aproximar as ações do Brasil das de seus vizinhos do Cone Sul. Mas especialistas ouvidos pela BBC Brasil têm opiniões divergentes sobre os fatos no Brasil e na vizinhança.
O ex-ministro da Justiça e atual secretário de Direitos Humanos de São Paulo, José Gregori, entende que a anistia no Brasil teve apoio da sociedade e hoje a democracia brasileira é "mais sólida" que a da Argentina, onde os processos do regime militar foram reabertos a partir de 2003.
A presidente da ONG Tortura Nunca Mais, Cecília Coimbra, acha que o Brasil está "dez passos atrás da Argentina". Para ela, a Argentina tem dado exemplo de como lidar com a questão, incluindo medidas judiciais e iniciativas como o "escrache" (manifestação para expor publicamente acusados por crimes) dos responsáveis por tortura no Brasil.
O "escrache", inspirado em ações semelhantes na Argentina, tem levado jovens brasileiros a escrever "aqui mora um torturador" na porta das casas dos acusados. Para Gregori, essa forma de protesto é perigosa. "Hoje são torturadores, mas depois podem ser aqueles que foram comunistas, como ocorreu com o macartismo (inspirado nas ideias de um senador americano contrário aos comunistas). Esse tipo de ação não ajuda a democracia brasileira", disse.
Na opinião do secretário José Gregori, o processo democrático no Brasil é parecido com o da África do Sul, onde, para ele, a opção foi pela paz e não pelo conflito interno. O professor chileno de Ciências Políticas Guillermo Holzmann diz que o Brasil foi o único país da região que "manteve" a anistia ao longo dos vários governos democráticos, incluindo o de Dilma Rousseff.
Processo democrático
Segundo Gregori, no inicio do processo democrático os países da região implementaram anistias, mas depois foram mudando. "No Brasil, a anistia é geral e irrestrita, teve o apoio da sociedade brasileira, e foi uma das bases para a Constituição de 1988 e da nova democracia do país. A anistia vai continuar existindo", disse o ex-ministro.
"Na Argentina houve anistia e no caminho eles mudaram (as regras). Tenho a maior paixão pela Argentina, mas acho que a nossa democracia no momento está no nível de maior avanço que a deles. Nosso processo de democracia é mais solido", afirmou Gregori.
Para ele, o Brasil atualmente precisa enfrentar outras questões ligadas aos direitos humanos, como a exclusão social num momento de crise internacional. Gregori foi ministro no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e, no cargo, recordou, se empenhou para que fosse criada a Comissão da Verdade e pela aprovação da lei que reconheceu que os desaparecidos políticos (estimados em 500) eram juridicamente mortos.
"Com esta lei de mortos e desaparecidos, as famílias puderam entrar com o pedido de inventário. Na realidade o meu projeto, que se tornou lei, veio complementar a Lei de Anistia. Eu acho que a lei da anistia foi um dos consensos que permitiu a democracia no Brasil", afirmou.
Ele observou que nos últimos anos o Brasil tem sido governado - tanto nos governos municipais, como estaduais e federal - por aqueles que foram "perseguidos" no regime militar.
Para Gregori, ao elegerem Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), Lula (2003-2011) e Dilma Rousseff, os eleitores brasileiros confirmaram a opção pelo fortalecimento democrático e "coerência".
Comissão
Gregori afirmou ainda que a Comissão da Verdade, projeto do governo Lula e reafirmada na atual gestão, contou com "consenso" parlamentar e significa "um passo a mais" na democracia brasileira.
"A comissão não tem poderes para julgar ou para prender alguém. Mas pode ter mais acesso do que outra entidade e ouvir depoimentos no sentido de trazer informação sobre o que ocorreu. Ainda há muita coisa para se esclarecer, muita coisa nebulosa", disse Gregori.
Para ele, falta ser esclarecido, por exemplo, se havia "hierarquização" das ordens para prender e torturar ou se as iniciativas eram originadas na própria cadeia.
Gregori defendeu mais transparência sobre o que ocorreu, o que será possível através da Comissão da Verdade, mas disse ser contra qualquer intenção de "ajuste de contas", como sugeriu perceber nos vizinhos.
A presidente da ONG Tortura Nunca Mais apoiou a ação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) solicitando que os crimes de tortura sejam excluídos da anistia, por serem "crimes comuns", criticou as "limitações" da Comissão da Verdade e disse que o "escrache", inspirado na Argentina e no Chile, é uma forma legítima de protesto.
"Como a OAB, nós entendemos que os crimes de sequestro e de tortura não prescrevem", disse. Para ela, o Brasil "exportou" métodos de tortura para os países vizinhos, como o "pau de arara", mas hoje é "o mais atrasado" da região na apuração do que ocorreu.
"O Brasil está dez passos atrás da Argentina. O Brasil é o mais atrasado (da região)", disse.
Na sua opinião, a reparação às vítimas e seus familiares não deve ser somente financeira. "A sociedade de modo geral não tem informação sobre o que aconteceu e silenciou (sobre a anistia). Hoje, acho que a juventude que realiza a execração pública dos torturadores está certa e me emociona", disse.
Ela recordou que o Brasil foi condenado pela Comissão de Direitos Humanos da OEA a investigar o que ocorreu. "O prazo era dezembro de 2011 e por isso foi criada a Comissão da Verdade, mas com limitações", disse. Gregori acha que a Comissão "não conhece o Brasil" já que, na sua visão, o país tem avançado nesta área.