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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Luiza Bairros em entrevista á Revista Claudia.

Uma das lideranças mais respeitadas quando se trata de combate à discriminação racial, a socióloga Luiza Bairros assumiu, em agosto de 2008, a Secretaria de Promoção da Igualdade (Sepromi), da Bahia. Criada em dezembro de 2006, a Sepromi tem sede em Salvador é a primeira secretaria estadual do Brasil a trabalhar especificamente políticas públicas para negras e negros. Tornar reconhecida e enfrentar as desigualdades é o desafio da gaúcha Luiza Bairros, que há mais de duas décadas vive na capital baiana. “O racismo continua sendo, no mundo todo, uma questão de poder”, ressalta ela.  À frente da Sepromi, Luiza e sua equipe propõem e monitoram políticas públicas que visam assegurar e ampliar os direitos da comunidade negra. Algumas prioridades da Sepromi são combater a violência contra a mulher; criar projetos para negros e negras de geração de renda nas áreas urbanas e rurais; regularizar e dar título de terra para as comunidades quilombolas e incluí-las nos programas governamentais, garantindo estruturas como água, luz, e educação, saúde, cultura, esporte e lazer.



Secretaria de Promoção da Igualdade (Sepromi)


















CLAUDIA - A criação de uma secretária como a Sepromi é resultado da luta do movimento negro no país?
LUIZA - A reemergência dos movimentos negros a partir de metade dos anos 1970 fez com que o combate do racimo se transformasse em questão nacional. Principalmente na última década, podemos citar várias ações afirmativas no âmbito do governo voltadas para a população negra como a criação do sistema de cotas nas universidades brasileiras e da fundação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), que promoveu o surgimento de órgãos estaduais, como a Sepromi, e também municipais. Podemos destacar também a promulgação da lei que torna obrigatório o ensino da história do negro e das populações indígenas na escola brasileira. Na saúde, foram adotados programas específicos voltados para a saúde da população negra, que é uma antiga luta do movimento. Em maio de 2009, o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra.

CLAUDIA - O país está menos racista?
LUIZA - O racismo é um fenômeno elástico. Na medida em que são conseguidas conquistas de um lado, ele se modifica e apresenta novas formas de se manifestar. Os negros são maioria no país e empoderá-los pode significar uma inversão grande de distribuição do poder, hoje exercido pelos brancos. E ninguém abre mão do poder de graça. Setores conservadores da sociedade batalham para que isso não aconteça. Por isso afirmo que o racismo é uma questão de poder.

CLAUDIA - O racismo cria privilégios para um grupo e desvantagem para outro?
A partir de diferenças físicas – traços do corpo, cor de pele – se estabelece a superioridade de um grupo em relação ao outro, inferiorizando e estigmatizando os negros, no caso do racismo anti negros. Há formas sofisticadas para impedir os negros a chegarem a posições de prestígio, como cargos políticos e econômicos. Não se permite, portanto, que surjam aqui figuras como Barack Obama (presidente dos Estados Unidos).

CLAUDIA - Qual a importância da criação de um órgão como a Sepromi na luta contra o racismo?
LUIZA - O papel de secretarias especiais como a Sepromi é  responsabilizar o Estado a ter políticas públicas voltadas para mulheres e homens negros do país. Acredito que a criação das secretarias nos estados e nos municípios pode, com o tempo, irá produzir mudanças efetivas. Mas ainda há muita resistência para conseguirmos implantar até as políticas públicas já conquistas.

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