Na semana em que o Brasil comemorou a libertaçao dos escravos o Domingo Espetacular (programa da Rede Record) foi ate a Africa saber mais sobre a historia da escravidao [...] O negocio mais rentavel, lucrativo e mais bem organizado da historia, nao obstante, se configurou no maior holocausto da humanidade. Seculos de requinte de crueldade que palavra alguma exprime. Historias que o livro didatico nao contam!
ENSINOS EM BASES AFRICANAS é uma disciplina idealizada por meu grande amigo e irmão Valdir Alves e por mim Michele Paixão onde partimos do ponto histórico de África Antiga perpassando pelos principais pontos da história que caracterizaram e estigmatizaram o homem negro. O objetivo é identificar nao apenas os elementos chaves bem como ler as entrelinhas desse processo enraizado e enfatizado pela sociedade.
 
sábado, 28 de maio de 2011
NAVIO NEGREIRO - Castro Alves
I 
'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço 
Brinca o luar — dourada borboleta; 
E as vagas após ele correm... cansam 
Como turba de infantes inquieta. 
'Stamos em pleno mar... Do firmamento 
Os astros saltam como espumas de ouro... 
O mar em troca acende as ardentias, 
— Constelações do líquido tesouro... 
'Stamos em pleno mar... Dois infinitos 
Ali se estreitam num abraço insano, 
Azuis, dourados, plácidos, sublimes... 
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?... 
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas 
Ao quente arfar das virações marinhas, 
Veleiro brigue corre à flor dos mares, 
Como roçam na vaga as andorinhas... 
Donde vem? onde vai? Das naus errantes 
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço? 
Neste saara os corcéis o pó levantam, 
Galopam, voam, mas não deixam traço. 
Bem feliz quem ali pode nest'hora 
Sentir deste painel a majestade! 
Embaixo — o mar em cima — o firmamento... 
E no mar e no céu — a imensidade! 
Oh! que doce harmonia traz-me a brisa! 
Que música suave ao longe soa! 
Meu Deus! como é sublime um canto ardente 
Pelas vagas sem fim boiando à toa! 
Homens do mar! ó rudes marinheiros, 
Tostados pelo sol dos quatro mundos! 
Crianças que a procela acalentara 
No berço destes pélagos profundos! 
Esperai! esperai! deixai que eu beba 
Esta selvagem, livre poesia 
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa, 
E o vento, que nas cordas assobia... 
.......................................................... 
Por que foges assim, barco ligeiro? 
Por que foges do pávido poeta? 
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira 
Que semelha no mar — doudo cometa! 
Albatroz! Albatroz! águia do oceano, 
Tu que dormes das nuvens entre as gazas, 
Sacode as penas, Leviathan do espaço, 
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas. 
II 
Que importa do nauta o berço, 
Donde é filho, qual seu lar? 
Ama a cadência do verso 
Que lhe ensina o velho mar! 
Cantai! que a morte é divina! 
Resvala o brigue à bolina 
Como golfinho veloz. 
Presa ao mastro da mezena 
Saudosa bandeira acena 
As vagas que deixa após. 
Do Espanhol as cantilenas 
Requebradas de langor, 
Lembram as moças morenas, 
As andaluzas em flor! 
Da Itália o filho indolente 
Canta Veneza dormente, 
— Terra de amor e traição, 
Ou do golfo no regaço 
Relembra os versos de Tasso, 
Junto às lavas do vulcão! 
O Inglês — marinheiro frio, 
Que ao nascer no mar se achou, 
(Porque a Inglaterra é um navio, 
Que Deus na Mancha ancorou), 
Rijo entoa pátrias glórias, 
Lembrando, orgulhoso, histórias 
De Nelson e de Aboukir.. . 
O Francês — predestinado — 
Canta os louros do passado 
E os loureiros do porvir! 
Os marinheiros Helenos, 
Que a vaga jônia criou, 
Belos piratas morenos 
Do mar que Ulisses cortou, 
Homens que Fídias talhara, 
Vão cantando em noite clara 
Versos que Homero gemeu ... 
Nautas de todas as plagas, 
Vós sabeis achar nas vagas 
As melodias do céu! ... 
III 
Desce do espaço imenso, ó águia do oceano! 
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano 
Como o teu mergulhar no brigue voador! 
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras! 
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ... 
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror! 
IV 
Era um sonho dantesco... o tombadilho 
Que das luzernas avermelha o brilho. 
Em sangue a se banhar. 
Tinir de ferros... estalar de açoite... 
Legiões de homens negros como a noite, 
Horrendos a dançar... 
Negras mulheres, suspendendo às tetas 
Magras crianças, cujas bocas pretas 
Rega o sangue das mães: 
Outras moças, mas nuas e espantadas, 
No turbilhão de espectros arrastadas, 
Em ânsia e mágoa vãs! 
E ri-se a orquestra irônica, estridente... 
E da ronda fantástica a serpente 
Faz doudas espirais ... 
Se o velho arqueja, se no chão resvala, 
Ouvem-se gritos... o chicote estala. 
E voam mais e mais... 
Presa nos elos de uma só cadeia, 
A multidão faminta cambaleia, 
E chora e dança ali! 
Um de raiva delira, outro enlouquece, 
Outro, que martírios embrutece, 
Cantando, geme e ri! 
No entanto o capitão manda a manobra, 
E após fitando o céu que se desdobra, 
Tão puro sobre o mar, 
Diz do fumo entre os densos nevoeiros: 
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros! 
Fazei-os mais dançar!..." 
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . . 
E da ronda fantástica a serpente 
Faz doudas espirais... 
Qual um sonho dantesco as sombras voam!... 
Gritos, ais, maldições, preces ressoam! 
E ri-se Satanás!... 
V 
Senhor Deus dos desgraçados! 
Dizei-me vós, Senhor Deus! 
Se é loucura... se é verdade 
Tanto horror perante os céus?! 
Ó mar, por que não apagas 
Co'a esponja de tuas vagas 
De teu manto este borrão?... 
Astros! noites! tempestades! 
Rolai das imensidades! 
Varrei os mares, tufão! 
Quem são estes desgraçados 
Que não encontram em vós 
Mais que o rir calmo da turba 
Que excita a fúria do algoz? 
Quem são? Se a estrela se cala, 
Se a vaga à pressa resvala 
Como um cúmplice fugaz, 
Perante a noite confusa... 
Dize-o tu, severa Musa, 
Musa libérrima, audaz!... 
São os filhos do deserto, 
Onde a terra esposa a luz. 
Onde vive em campo aberto 
A tribo dos homens nus... 
São os guerreiros ousados 
Que com os tigres mosqueados 
Combatem na solidão. 
Ontem simples, fortes, bravos. 
Hoje míseros escravos, 
Sem luz, sem ar, sem razão. . . 
São mulheres desgraçadas, 
Como Agar o foi também. 
Que sedentas, alquebradas, 
De longe... bem longe vêm... 
Trazendo com tíbios passos, 
Filhos e algemas nos braços, 
N'alma — lágrimas e fel... 
Como Agar sofrendo tanto, 
Que nem o leite de pranto 
Têm que dar para Ismael. 
Lá nas areias infindas, 
Das palmeiras no país, 
Nasceram crianças lindas, 
Viveram moças gentis... 
Passa um dia a caravana, 
Quando a virgem na cabana 
Cisma da noite nos véus ... 
... Adeus, ó choça do monte, 
... Adeus, palmeiras da fonte!... 
... Adeus, amores... adeus!... 
Depois, o areal extenso... 
Depois, o oceano de pó. 
Depois no horizonte imenso 
Desertos... desertos só... 
E a fome, o cansaço, a sede... 
Ai! quanto infeliz que cede, 
E cai p'ra não mais s'erguer!... 
Vaga um lugar na cadeia, 
Mas o chacal sobre a areia 
Acha um corpo que roer. 
Ontem a Serra Leoa, 
A guerra, a caça ao leão, 
O sono dormido à toa 
Sob as tendas d'amplidão! 
Hoje... o porão negro, fundo, 
Infecto, apertado, imundo, 
Tendo a peste por jaguar... 
E o sono sempre cortado 
Pelo arranco de um finado, 
E o baque de um corpo ao mar... 
Ontem plena liberdade, 
A vontade por poder... 
Hoje... cúm'lo de maldade, 
Nem são livres p'ra morrer. . 
Prende-os a mesma corrente 
— Férrea, lúgubre serpente — 
Nas roscas da escravidão. 
E assim zombando da morte, 
Dança a lúgubre coorte 
Ao som do açoute... Irrisão!... 
Senhor Deus dos desgraçados! 
Dizei-me vós, Senhor Deus, 
Se eu deliro... ou se é verdade 
Tanto horror perante os céus?!... 
Ó mar, por que não apagas 
Co'a esponja de tuas vagas 
Do teu manto este borrão? 
Astros! noites! tempestades! 
Rolai das imensidades! 
Varrei os mares, tufão! ... 
VI 
Existe um povo que a bandeira empresta 
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... 
E deixa-a transformar-se nessa festa 
Em manto impuro de bacante fria!... 
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, 
Que impudente na gávea tripudia? 
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto 
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... 
Auriverde pendão de minha terra, 
Que a brisa do Brasil beija e balança, 
Estandarte que a luz do sol encerra 
E as promessas divinas da esperança... 
Tu que, da liberdade após a guerra, 
Foste hasteado dos heróis na lança 
Antes te houvessem roto na batalha, 
Que servires a um povo de mortalha!... 
Fatalidade atroz que a mente esmaga! 
Extingue nesta hora o brigue imundo 
O trilho que Colombo abriu nas vagas, 
Como um íris no pélago profundo! 
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga 
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! 
Andrada! arranca esse pendão dos ares! 
Colombo! fecha a porta dos teus mares! 
Poema declamado: http://www.youtube.com/watch?v=IPbetX97Q_8
domingo, 15 de maio de 2011
Nota de repúdio às piadas de mau gosto do "humorista" Rafinha Bastos
A Secretaria de Políticas para as Mulheres   (SPM) vem a público manifestar sua indignação pela maneira como o   "humorista" Rafinha Bastos, da TV Bandeirantes, faz piadas com os temas   estupro, aborto, doenças e deficiência física. Segundo a edição desse   mês da Revista Rolling Stone, durante seus shows de stand up, em São   Paulo, ele insulta as mulheres ao contar anedotas sobre violência contra   as mulheres."Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi   estuprada é feia pra caralho. Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a   Deus. Isso pra você não foi um crime, e sim uma oportunidade. Homem  que  fez isso [estupro] não merece cadeia, merece um  abraço". Isso não é  humor, é agressão gratuita, sem graça, dita como  piada. É lamentável  que uma pessoa - considerada pelo jornal The New  York Times como a mais  influente do mundo no twitter -, expresse  posições tão irresponsáveis e  preconceituosas. Estupro é crime hediondo e  não requer, em nenhuma  hipótese, abordagem jocosa e banalizada.
Vale lembrar que qualquer mulher forçada a atos sexuais, por meio de violência física ou ameaça, tem seus direitos violados. Não há diferenciação entre as vítimas e, tampouco, a gravidade e os danos deste crime diminuem de acordo com quaisquer circunstâncias da agressão. Assim, a SPM condena a banalização de tais preconceitos e, como organismo que visa, sobretudo, enfrentar a desigualdade para promover a igualdade entre os gêneros, a Secretaria repudia esse tipo de "humor" e qualquer forma de violação dos direitos das mulheres. Humor inteligente e transgressor não se faz com insultos e nem preconceitos. A sociedade não quer voltar à era da intolerância e, sim, dar um passo adiante.
 
Vale lembrar que qualquer mulher forçada a atos sexuais, por meio de violência física ou ameaça, tem seus direitos violados. Não há diferenciação entre as vítimas e, tampouco, a gravidade e os danos deste crime diminuem de acordo com quaisquer circunstâncias da agressão. Assim, a SPM condena a banalização de tais preconceitos e, como organismo que visa, sobretudo, enfrentar a desigualdade para promover a igualdade entre os gêneros, a Secretaria repudia esse tipo de "humor" e qualquer forma de violação dos direitos das mulheres. Humor inteligente e transgressor não se faz com insultos e nem preconceitos. A sociedade não quer voltar à era da intolerância e, sim, dar um passo adiante.
Secretaria de Políticas para as Mulheres
domingo, 8 de maio de 2011
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Eu sempre acreditei que religião e time de futebol  são coisas que não se discutem, são assuntos que devem simplesmente ser  respeitados. Hoje, depois de ver tantas contradições, resolvi trazer  esse debate. Acredito que a discussão seja importante, sim, até para  qualificar melhor as nossas decisões e opções.
Tenho visto muitas pessoas escondendo ou mentindo sobre suas  religiões quando o censo bate em suas portas. Vejo também muitas  pregando as suas ideologias  e sendo criticadas por isso, por tentarem  arrebanhar mais adeptos para suas crenças. Existe contradição nisso? Não  seria  natural tentar levar todos para o lugar que você considera um  paraíso ?
Para evitar especulações digo logo qual é a minha. Sou católico  apostólico romano fervoroso, porém não praticante. Aliás, nem lembro de  ter praticado algum dia.   Minha mãe, apesar de espírita no passado, nos  batizou na igreja católica porque sempre acreditou que quem não tem  padrinho morre “pagão”, era exatamente assim que ela dizia, e ainda diz.
O casamento é um ótimo exercício para essa reflexão. Muitas pessoas  têm o sonho de casar na igreja, as mulheres vestidas de noiva com toda  pompa e circunstância, mas o certo não seria ser parte da comunidade  religiosa dessa igreja?
Outra questão que precisa ser discutida são as tensões entre as  religiões. Pois apesar do discurso de tolerância temos que entender que  fica muito difícil tolerar aquilo que você tem por principio combater. É  o caso das regiões que tentam exorcizar os demônios do corpo de outros  religiosos. Porém esses outros religiosos acreditam que suas entidades  são tão sagradas quantos as imagens ou livros dos seus combatentes. E  aí, irmão, não tem acordo. Ou tem?
Você como protestante deixaria seu filho brincar na casa de uma outra  criança cujos pais sejam umbandistas ou ligados ao candomblé?  Se fosse  o contrário, você permitiria?
É comum evangélicos empregarem pessoas de outras religiões?  Ou os não evangélicos darem oportunidades para os protestantes?
Seja quais forem as respostas, a tolerância religiosa não deve vir por medida provisória.
Em uma época em que nações inteiras são destruídas em nome de  religiões, acredito que a discussão sobre elas não pode ter como  objetivo desqualificar o outro ou simplesmente converter, mas consolidar  as ideias e ideais.
Discutir, por exemplo, o impacto de algumas religiões que educam seus  filhos e adeptos a acreditarem que os gays constituem um câncer social é  uma forma de avançarmos socialmente. Discutir sobre religiões que  oferecem o corpo de crianças para suas entidades é fundamental para a  compreensão de alguns mitos pois consolida a construção de todo o nosso  coletivo, para o bem e para o mal. A relevância do debate sobre  religiões existe porque elas continuam sendo parâmetro de felicidade até  para quem não se identifica com nenhuma.
Se você acha que eu só falei bobagem aqui, então essa será mais uma prova de que precisamos discutir esse tema. 
Por Celso Athayde . 06.05.11 - 15h40 http://colunistas.yahoo.net/posts/10749.html           
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